A economista Daniella Marques Consentino tomou posse nesta terça-feira (05) como presidente da Caixa Econômica Federal. Daniella foi selecionada pelo Comitê de Elegibilidade do Banco Negara na semana passada. A cerimônia, que aconteceu na sede nacional da empresa, em Brasília, contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
Além do líder do Executivo, também estavam presentes o ministro da Economia, Paulo Guedes, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e de diversas autoridades. Em entrevista coletiva após a nomeação, a nova presidente da Caixa reiterou o compromisso de abrir um canal de conversa voltado para as mulheres que trabalham na empresa.
Ela afirmou que estava dando início a um novo canal de conversa com sua equipe, o Diálogo Seguro Caixa. Esse vai ser um canal de conversa com exclusividade para mulheres. Salientou ainda que em breve todas as mulheres, incluindo as 35 mil que trabalham na Caixa, vão ser bem vindas para prestar suas queixas.
Além disso, a executiva salientou que o conselho de administração do banco aprovou um plano de ação que passa pela revisão de todas as políticas de prevenção de integridade e assédio. Bem como da estrutura de governação de risco, da Ouvidoria da Caixa e da Corregedoria. “É natural rever, melhorar e aprofundar o processo, e é isso que fazemos”.
Veja o que disse Bolsonaro
Assim, durante a posse, o presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou a posse da nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques. Ela nomeada para o cargo após a saída de Pedro Guimarães, que foi alvo de denúncias de funcionários por assédio sexual. Assim, apesar dos elogios, Bolsonaro observou que a “nova era” não começou com os economistas no comando dos bancos.
Ele afirmou ainda que agora a instituição tem uma presidente capacitada e disposta a mostrar os seus valores, sendo uma lutadora e comprometida. É difícil para a gente ver mulheres na economia. Após o discurso, a esposa do presidente, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ministro da Economia Paulo Guedes e outros políticos e ministros presentes aplaudiram o presidente.
Quem é a nova presidente da Caixa?
Desde janeiro de 2019, Danielle Consentino é chefe da Assessoria Especial para Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia. Assim, atuando como uma das principais assessoras do ministro Paulo Guedes, assumiu no início do ano a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade. O novo presidente da Caixa é formado em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Além disso, a nova Presidente tem MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e carreira no mercado financeiro. Foi Diretora Executiva, Diretora de Risco e Compliance da Oren Investimentos, Sócia e Gerente de Renda Variável da Mercatto Investimentos. Antes de entrar no governo, foi sócia do Ministro Guedes da Bozano Investimentos, onde foi Diretora de Compliance, Operações e Finanças.
A economista sucederá Pedro Guimarães, que renunciou nesta quarta-feira (29) ao cargo de Especialista em Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia após denúncias de assédio sexual estarem sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Secretaria do Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele negou as acusações em sua carta de demissão.
A proposta de Daniella
A nova presidente da Caixa anunciou que, para além das medidas internas, deverá ser promovido um programa de combate e prevenção ao assédio e violência doméstica e de incentivo ao empreendedorismo feminino para os 148 milhões de clientes do banco. Sendo mais um importante operador de programas sociais do Governo Federal, tão importante como o Auxílio Brasil.
Segundo ela, a instituição vai apoiar a causa das mulheres facilitando o acesso à causa, trabalhando para proteger e levar as mulheres ao topo. Ela levantou um dado preocupante, que mostra que as mulheres têm 80% de suas decisões de consumo, entretanto, apenas 20% do crédito é liberado pelo órgão.
Além disso, ela afirmou que espera que todas as estruturas da rede Caixa sejam voltadas para a proteção das mulheres. A Caixa está presente em mais de 5.000 cidades, sendo a terceira maior instituição financeira do país. Por fim, ainda conta com 14.000 agências e em torno de 27.000 postos de atendimento.
A nova presidente da Caixa também disse que vai reestruturar os canais de reclamações nos bancos estatais ligados à VP de Risco e Corregedoria, que se reporta diretamente ao presidente. Segundo relatos de testemunhas ouvidas pelo MPF, a estrutura foi propícia para encobrir as denúncias de assédio sexual contra Guimarães.
Sobre empresas e privatização
Questionada, a presidente do banco disse que não havia diretrizes sobre a privatização da Caixa, e o assunto nem sequer foi discutido no momento. As vendas de ativos, incluindo a plataforma bancária digital Caixa TEM, também estão fora do radar dos economistas. Ela ainda afirmou que a instituição vai trabalhar lado a lado com o governo para facilitar os pagamentos do auxílio emergencial.
Em seguida, assegurou que questões como a privatização e venda de ativos da empresa estão fora de cogitação. Daniella Consentino disse que pretende continuar a desenvolver a plataforma de microfinanças da Caixa com foco no financiamento de pequenos negócios e microempreendedores. Pois, segundo ela, esse é o foco estratégico da Caixa, estando ao lado do pequeno e microempreendedor.
Nomeações para a Caixa
Daniella Consentino também confirmou que vai trocar todos os 26 cargos de assessoria estratégica diretamente relacionados à presidência da Caixa. Entre eles, seis pessoas, incluindo o chefe de gabinete, foram embora. Além desses cargos, dois vice-presidentes foram afastados do cargo nos últimos dias.
Uma consultoria externa também será contratada para investigar alegações de assédio dentro da empresa. Daniela informou que não há previsão de quando a investigação será concluída. Desde a saída do executivo, seis funcionários foram demitidos e dois vice-presidentes renunciaram. De acordo com Daniella, a troca de vice-governadores estará de acordo com as regras de governança do banco.
