Quiet quitting é a nova tendência corporativa?

O quiet quitting ganhou força nas redes sociais e tende a chegar com força no mundo corporativo. Compreenda mais sobre essa tendência.

Quiet Quitting ganha força nas redes sociais
Quiet Quitting ganha força nas redes sociais

Quiet quitting ganha força cada vez mais, mas o que é isso?

As principais características desse movimento.

O quiet quitting consta como surgido durante a pandemia da Covid-19. A qual fez com que muitos empregadores e empregados se adaptassem a novos formatos de oferecer e prestar trabalho. O home office se tornou uma realidade onde antes não era possível visualizar essa possibilidade.

Vindo do inglês, o termo em tradução livre seria “demissão silenciosa”. Porém, na prática não se trata de demissão, mas sim dar uma freada nas atividades laboriosas. Durante a pandemia o desemprego aumentou assombrosamente. Muitas pessoas se submeteram a situações trabalhistas que não as favorecem absolutamente em nada para que pudessem manter seus trabalhos.

Por consequência de tanta insegurança e vivências abusivas por parte de empregadores, muitos empregados desenvolveram, ou tiveram agravados, problemas como burnout, ansiedade, quadros de depressão entre outros problemas físicos e psicológicos. Inegavelmente o público mais afetado é composto por mulheres, pessoas negras e outra camada da população sub-representada e menos favorecida financeiramente.

Isso posto, o movimento quiet quitting objetiva frear as atividades extra contratuais e abusivas por parte da contratante. No período de confinamento muitas pessoas adotaram uma postura reflexiva e mensurativa do que é viável e aceitável. Além disso, muitos foram os questionamentos sobre a diferença entre viver e sobreviver e como isso reflete as práticas profissionais.

Popularidade do quiet quitting nas redes ao redor do mundo

A proporção alcançada pelo movimento que vem chamando atenção

Nas redes sociais o quiet quitting repercutiu de forma descomunal. O compartilhamento de vídeos e informações sobre o assunto fez com que as pessoas repensassem o rumo de suas vidas. A atividade de auto análise e reflexão despertou as pessoas para (re)assumirem o controle de suas vidas e escolherem manter as suas tarefas somente suas atividades pré estabelecidas.

Toda essa movimentação nas redes legitimou, por certo, o desespero de muitos profissionais. Em contrapartida, o movimento, certamente não agrada os empregadores. A tendência do quiet quitting ainda não está consolidada com teóricos e estudiosos a respeito.

Até onde se sabe, os primeiros pensamentos a respeito vieram à tona por meio do engenheiro novaiorquino Zaid Khan no Tik Tok. “Trabalho não é sua vida” e “seu valor não é definido pela sua produção” são duas das falas de Khan que mais reverberam. A situação ganhou ainda mais destaque após movimento dos Estados Unidos, no qual jovens compartilham em suas redes sociais a saída do emprego por descontentamento, injustiças ou questões de saúde.

No Brasil, alguns especialistas em carreira não apenas criticam o quiet quitting como afirmam que isso faz mal para a carreira dos adeptos. Evidentemente, não é interessante para nenhuma empresa ter um contratado que não compra o discurso de “proatividade” e fazer muito além do que é solicitado sobre a pauta de vestir a camisa da empresa ou aguardar uma promoção.

Jornadas extenuantes impulsionam movimento quiet quitting

O que os adeptos do quiet quitting pretendem?

Não é preguiça, é auto cuidado. Garantem os adeptos e defensores do movimento

Inegavelmente os números sobre ansiedade, principalmente, durante a pandemia são assustadores. E quem se preocupa com isso? Obviamente quem sofre com a situação e não quem quer que a produção aumente juntamente com os lucros da empresa. Outro lado da moeda, são as pessoas que agem de má fé e pretendem ter um comportamento inadequado para serem demitidas propositalmente.

A síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional, como também é conhecida, atinge mais pessoas a cada dia. Entre os sintomas estão: a exaustão extrema, o esgotamento físico, o estresse e distúrbios de sono e alimentares. Tais sintomas são resultantes do desgaste no ambiente de trabalho, excesso de competitividade e responsabilidade. E isso pode ser amenizado com o quiet quitting.

Por sua vez, a ansiedade, tem como principal característica o sentimento de preocupação constante, nervosismo e medo constantes e ininterruptos. Esse estado mental, evidentemente, é desgastante e torna tarefas comuns e cotidianas difíceis. Como é o caso de comer, dormir e se situar no tempo. Situações tais indispensáveis para uma vida saudável e o quiet quitting pode ajudar a recuperar.

Conviver com esses sintomas torna a vida muito penosa. Acima não foram expostos todos os sintomas, obviamente, visto que cada pessoa pode apresentar sintomas diferentes para o mesmo problema. Sem dúvidas a licença remunerada ainda é um tabu além de estar longe de ser uma realidade. Por certo, alguém deve olhar para a saúde dessas pessoas e no caso são elas mesmas.

No Brasil

O que se tem em território nacional relacionado ao quiet quitting

De acordo com dados emitidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking mundial de pessoas que sofrem com excesso de sentimentos relacionados à ansiedade. O que contabiliza, até então, um total de 9.3% da população brasileira. A pior parte é que esse número, com toda a certeza, tende a aumentar.

Tendo em vista o que foi exposto anteriormente sobre o que propõe o movimento quiet quitting e os dados da OMS podemos constatar que uma atitude é emergente. Se a saúde mental não é assunto de pauta importante para os empregadores, deve ser para os empregados que sofrem com excessos e abusos.

No Brasil, psicólogos afirmam que a parte contratante deve se esforçar para tornar o ambiente de trabalho um lugar agradável e de acolhimento. Porém, esses espaços são possíveis se a importância estiver no funcionário e não em sua capacidade de produzir e gerar lucros para a empresa.

Nesse sentido, sabendo que as empresas estão longe de olhar de forma acolhedora e humanizada para seus colaboradores, o quiet quitting vem como forma de protesto e de mostrar que a classe trabalhadora não está mais interessada em se submeter à chantagens colocando suas vidas em risco por salários que a cada dia que passa não cobre o mínimo necessário para uma vida decente e digna.